Luís Carcau tem 24 anos e é natural de Mirandela, Bragança. Foi um dos três participantes da Academia do Centro de Frutologia Compal em 2020, e foi um dos projetos que recebeu uma Bolsa de Instalação Agrícola no valor de 20.000€. Luís, cresceu e passou toda a sua infância na Aldeia Pai Torto, e foi mesmo aí, entre os pomares de figos dos seus pais, que “apanhei o gosto pela fruticultura”, refere. Apaixonado desde muito cedo pela fruta e pelos pomares, formou-se em engenharia agronómica na UTAD e começou a trabalhar na área, após o mestrado, como formador. Já conhecia o Centro de Frutologia Compal e há alguns anos tinha visitado a Fábrica Sumol+Compal em Almeirim, de que gostou imenso, e quando viu as candidaturas decidiu “arriscar a sua sorte”. Luís é um jovem produtor com visão de futuro, preocupado com a sustentabilidade e bem-estar ambiental, com a busca constante de conhecimento, em grande proximidade com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), peritos e outras oportunidades. Quando questionado sobre a experiência no Centro de Frutologia Compal, refere – “A Academia foi uma experiência excelente que me abriu novos horizontes e ajudou a definir novas ideias. O networking proporcionado foi muito importante.”
Quem é Luís Carcau
Luís Filipe Carcau vem da região norte, de Bragança, e cresceu na Aldeia Pai Torto. Nos pomares de figo dos seus pais, ganhou o gosto pela fruticultura e uma admiração especial por esta fruta, uma fruta que “tem bastante potencial e que não tem sido alvo de atenção em Portugal”, indica Luís.
Luís decidiu ingressar no Ensino Superior no curso de engenharia agronómica na UTAD. A família sempre esteve ligada à agricultura e a paixão de criança fez com que decidisse seguir esta área no seu futuro. Já em 2012 os seus pais submeteram alguns projetos agrícolas e Luís sempre deu apoio acompanhando-os.
Quando terminou o mestrado, começou a trabalhar em formação profissional agrícola, tronando-se formador. Foi nessa altura que soube da abertura das candidaturas ao Centro de Frutologia Compal e decidiu “embarcar em mais uma aventura”.
A paixão à terra e à fruta
Desde sempre ligado ao pomar e à fruta, no seio de uma família de produtores, rapidamente se tornou um jovem curioso e com um interesse especial pelo figo. Já mais velho, no ensino secundário, “decidi nos meus 16/17 anos que no final do 12º ano iria seguir engenharia agronómica”, indica. Esta foi uma decisão difícil, uma vez que a média elevada que tinha no secundário gerava alguma “polémica” sendo aconselhado por vários professores a seguir medicina. No entanto, apoiado pela família, decidiu seguir o coração e enveredar pela engenharia agronómica. E afinal, ao produzir alimentos de qualidade, está também a cuidar da saúde das pessoas e do planeta. No final do curso, essa mesma paixão levou-o a formar outras pessoas na área e em 2021, já depois da sua participação na Academia, conseguiu, com a ajuda da bolsa, iniciar as plantações e adquirir maquinaria.
Figo, Gastronomia e Cantinhos Mirandelenses
Luís adora a sua terra e esta fruta tão típica. Mirandelense que é mirandelense recomenda que qualquer casal, família, grupo de amigos ou pessoa vá passar férias ou, pelo menos, um fim de semana na região.
Refere que o agroturismo é uma atividade muito típica e não se pode deixar de visitar as hortas do azeite, os percursos pedestres e, para os apreciadores, as atividades de caça.
A gastronomia típica de Mirandela é a alheira e o azeite. A Alheira de Mirandela é um enchido tradicional fumado que surgiu já nos tempos do século XV, sendo tão importante na terra, que a Associação Comercial e Industrial de Mirandela decidiu criar a Feira da Alheira de Mirandela. O Azeite de Trás-os-Montes é um azeite DOP, fresco, ora doce, ora picante, ora amargo. da região, são ainda típicos o cabrito transmontano, a couve penca de Mirandela e o queijo cabra transmontano.
Embora não exista nenhum prato típico em que se utilize o figo, Luis recomenda a utilização do figo em todo o tipo de pratos, desde entradas ou sobremesas, figos secos, compotas de figo ou figo em caldas.
Academia do Centro de Frutologia Compal
Luís Carcau já conhecia a Academia do Centro de Frutologia Compal e já havia visitado a Fábrica Sumol+Compal em Almeirim. Na altura “recordo-me que fomos recebidos na sala do Centro de Frutologia Compal, o que me despertou interesse e fez com que fosse pesquisar mais”, acrescenta Luís.
Na faculdade teve ainda a oportunidade de fazer uma visita de estudo em 2016, e até 2020 foi acompanhando tudo sobre a marca e o Centro de Frutologia Compal através das notícias e internet. Em 2020, como já tinha um projeto em mente, “senti que fazia sentido e decidi candidatar-me”, refere o engenheiro.
O melhor que a Academia lhe trouxe foi de facto a Bolsa de Instalação, “porque não é nada fácil começar um projeto de grande dimensão sem financiamento (ou onde a maioria sejam capitais próprios) e a bolsa veio facilitar na execução”, indica. Foi também fundamental a rede de contactos que a Academia proporcionou – “A Sandra Silva já visitou a minha exploração em Mirandela e eu deverei visitar o pomar da Sandra brevemente”, refere.
A aprendizagem ao longo da formação também foi essencial. No caso do Luís, a principal aprendizagem deu-se nas áreas do marketing, tecnologia e gestão do negócio. Luís está também a considerar considerar entrar na experiência das vendas online “porque falaram disso na Academia e quando comecei a fazer publicações nas redes sociais comecei logo a ter encomendas diretas”, acrescenta. Ainda não tem capacidade financeira para investir nas vendas online agora, mas é algo que pondera vir a fazer no futuro. A partir da experiência atual nas suas redes sociais pessoais percebeu que “estamos, por exemplo, a conseguir escoar muito bem a cereja através das encomendas nas redes sociais e parece que cada vez existem mais pessoas a querer comprar diretamente ao produtor”, indica. E “a cereja no topo do bolo foi mesmo o facto de ter sido um dos premiados com Bolsa, o que me deu muita visibilidade e reconhecimento, principalmente a nível local”.
Aplicação da Bolsa de Instalação
A Bolsa de Instalação permitiu a Luís Carcau dar o pontapé de arranque do seu projeto. Com o valor da Bolsa “já investi na instalação dos pomares de figueira, 4hectares, na preparação de todo o terreno, na aquisição das árvores e em maquinaria”. Maquinaria, como por exemplo, um trator equipado com carregador frontal e escarificador. Na plantação foram incluídas as figueiras e plantação com GPS.
E para o Futuro
Daqui a 5 anos Luís prevê que este projeto esteja realizado no seu potencial e ambiciona vir a produzir 100 toneladas de figo por ano. Ambiciona também “criar uma parceria com a indústria, iniciar-me a sério nas vendas online que começarão a subir e explorar a exportação do figo seco”, termina.